Resumen
Seis anos após o término da guerra colonial, é lan&231;ado Os Cus de Judas, de Antonio Lobo Antunes que conta a trajetória de um soldado portugu&234;s que servira o exército colonial em Angola e, a partir desse contacto com a situa&231;&227;o em África, v&234; sua vida, seus valores sendo destruídos.
Segundo o autor, em entrevista publicada em Lisboa em abril de 1994, o livro é parte de uma trilogia que inclui Memória de Elefante (anterior) e, Conhecimento do Inferno (posterior) a obra em quest&227;o. O retrato da guerra colonial é a marca dessa etapa ou ciclo de sua vida, como ele mesmo afirma.
O texto de Antunes n&227;o se enquadra no g&234;nero de narrativa de viagem tal como é concebido pela literatura moderna, entretanto, é possível a leitura de um discurso de viagem apanhado de viés, ou seja; a desconstru&231;&227;o ou a ante-viagem (se é que podemos utilizar esses termos) , visto sob a óptica de uma simbologia atual.
Discutir o tema da viagem como resgate de uma experi&234;ncia humana dolorosa, num cenário em que os atores n&227;o dialogam amigavelmente, n&227;o desejam trocas de experi&234;ncias culturais e, se sobreviverem, trar&227;o no corpo as marcas de uma guerra fratricida, é o cerne dessa comunica&231;&227;o.
Os oceanos Índico e Atl&226;ntico, palco da aventura marítima lusitana, caminhos líquidos por onde a língua portuguesa navegou, aportando em outras terras, conforme palavras de Carmen Lucia Tindó Ribeiro, remete-nos &224; Cam&245;es, observando que a viagem como aventura em busca do desconhecido era algo assustador, porém, desejável para aqueles intrépidos destemidos navegantes.
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